29.1.08

PRIMEIRA IMPRESSÕES (Segundas Intenções) I

Andei por aí pesquisando futuros lançamentos, e repasso algumas primeiras impressões. Não que elas virem um fato, ou caiam com o tempo e a audição completa dos registros, mas 'eu não tô fazendo nada e você também':


Black Crowes - Warpaint é o nome do novo álbum - depois de sete anos de espera por um trabalho completo de canções novas, o último foi Lions (2001) - e sai pelo selo criado pela banda, Silver Arrow (nome típicamente Neil Young), o que pode soar como um bom futuro de novos registros, mas com eles nunca se sabe. No site repaginado dá para ouvir a nova Goodbye Daughters of Revolution. Ótimo 'retorno'. Parece voltar com o espírito de 3 Snakes and 1 Charm, disco de (1996). Com os novos integrantes - mais uma vez!!! - Luther Dickinson na guitarra, vindo do North Mississippi Allstars (que põe no mercado este mês Hernando); e Adam Mcdougall, que eu desconheço, nas teclas, os irmãos Robinson provavelmente terão um dos melhores registros de 2008, o folk clássico é a influência da vez. O álbum sairá em 4 de Março e foi produzido pelo parceiro da carreira solo de Chris Robinson, Paul Stacey, que havia substituído Marc Ford, quando ele caiu fora da revoada da turne Join Hands. Saldo: Extremamente Positivo.



Lennny Kravitz - Com o sugestivo título de It Is Time for a Love Revolution, o multi-instrumentista e praticamente 'one man record', pois grava quase que sozinho seus álbuns, largou mão da frescura de chapinha no cabelo e intervenções eletrônicas para se dedicar ao que ele faz de melhor: rock básico com aqueles timbres setentistas e baladas de bom gosto e solos inspirados. Bring It On é a primeira pauleira, e I'll Be Waiting é a balada que tocará insessantemente nas rádios e na MTV, mas é consistente como Again e tem todas as características de uma balada a la Sr. Kravitz, já está no Youtube. É tempo de voltar a ouvir Lenny Kravitz. Álbum prometido para 05 de Fevereiro. Saldo: por ter ouvido apenas duas canções, e as duas serem excelentes, é positivo. É esperar, pouco, para concretizar a profecia, ou a prece...



Sheryl Crow - Seu novo trabalho, Detours, tem uma capa simples e bela, como o som de um violão. Pelo site da cantora ouvi algumas canções do álbum e, aparentemente, ela está largando - ou tentando largar - algumas frescuras pop paulatinamente, dando pinçadas de um pouco do que a fizeram uma boa cantora - leia-se os trabalhos Sheryl Crow (1996) e Globe Sessions (1998) - além de aumentar o flerte folk no seu trabalho. Uma coisa que chamou atenção é os backings femininos, ou a quantidade deles nas canções. Now That You're Gone é uma que apresenta isso, e decepciona. Fique com a canção de mesmo nome de Ryan Adams. Detours, que dá título ao álbum, vai ficar boa ao vivo. Gasoline é a típica Sheryl dos seus antigos álbuns, boa candidata para uma das melhores do álbum. Motivation motiva, mas não decola. Out Of Our Heads é estranhamente deliciosa, ou um momento de fraqueza minha. Drunk with the Thought of You, bela e pronto. Make It Go Away me remeteu ao clima soturno de Riverwide. Love Is All There Is é mais uma para tocar naquelas FM's insossas, ou para ter um clipe naqueles canais de música country pop americanos, fuja. Diamond Ring, hum... já conheço uma música com esse nome e não troco ela por outra. Peace Be Upon Us, passou e eu não percebi. Lullaby For Wyatt, Sheryl + violão dedilhado + (piano + cello) = Lullaby's. God Bless This Mess, isso é uma boa canção folk para a Sheryl Crow. Shine Over Babylon é uma daquelas que ela já fez. Saldo: não é positivo, não é negativo, mas é preciso melhorar, ou ouvir mais, para descartar ou selecionar o que pode ir para o seu mp3 player. Leve em consideração os trabalhos anteriores e ela ser uma artista engajada mas não chata. Chega em formato físico no segundo dia de fevereiro.

21.1.08

SEGUINDO O INSTINTO

Ben Harper and the Innocent Criminals – Lifeline (2007)

A oitava produção de Ben Harper, Lifeline, contém o 'amálgama de banda' que não foi explorado em seu disco anterior, duplo e, até um tanto conceitual, Both Sides of the Gun, de 2006.

Extremamente trabalhado nas passagens de som durante a turnê de Both Sides', as canções foram bem estruturadas para, em apenas uma semana de novembro de 2006, serem gravadas todas em processo analógico, em um estúdio em Paris, algo que Harper almejava há tempos.

As canções de Lifeline não trazem as viagens de Weissenborn características de Harper, a não ser pela penúltima, a instrumental e acústica "Paris Sunrise #7", feita inteiramente no instrumento. Lifeline agrega as letras do músico californiano com o trabalho instrumental de todos os integrantes da Innocent Criminals – atualmente formada por Juan Nelson (baixo), Oliver Charles (bateria), Leon Mobiley (percussão), Jason Yates (teclados) e o novo integrante, Michael Ward, ex-Wallflowers.

Compare as capas de Both Sides of the Gun e Lifeline. No trabalho anterior, Harper aparece sozinho de braços cruzados na capa, enquanto em Lifeline, o músico está na mesma posição, mas rodeado de seus escudeiros, demonstrando que é um trabalho de banda.

Há muito soul em todas suas vertentes pelas faixas de Lifeline. Mas, há também um pouco de black tipicamente Motown, country e até o Ben Harper do início de carreira. "Fool for a Lonesome Train" lembra os Stones country do início da década de 70, quando Gram Parsons era uma grande influência para Keith Richards. "Heart of Matters" e "Say Will You" estão bem próximas do trabalho realizado em There Will Be A Light (2004 - e resenhado aqui anteriormente), parceria com os músicos do Blind Boys of Alabama. Inclusive, se colocarmos de lado o trabalho anterior de Harper, Lifeline parece uma seqüência lógica para o som desenvolvido em There Will Be A Light.

Mesmo tendo ficado nove meses na gaveta, e com pouco mais de 40 minutos, Lifeline não decepciona quem se deliciou com a abrangência musical de Both Sides of the Gun. Singelo e inspirado, o trabalho gravado em Paris está bem acima das produções de alta tecnologia que rodam por aí. Lifeline mostra que Ben Harper segue seu instinto. E, mesmo sendo um músico extraordinário, está acima de qualquer ego que possa prejudicar o principal fator de se produzir boa música.