26.11.06

VIAGEM NA MADRUGADA





RORY GALLAGHER - Live at Montreux (1975,77,79,85,94)


2006 – Brasil, sexta-feira de uma noite quente de verão (aqui parece ser sempre verão, mesmo que seja outra estação). Após um dia cheio exaustivo e permeado de compromissos, que fora formatado como num complô de acontecimentos que não me permitiram galgar os passos ao aparelho de dvd para assistir minha última aquisição. O produto ganharia só os raios do laser por volta da 1h00 da manhã quando, já de volta a minha residência e, depois de meus emails já estarem verificados, os trabalhos pré-organizados com a agenda de sábado pré-estabelecida, pude a duras pernas e já sonolento, ligar o aparelho de dvd e me posicionar horizontalmente na cama para iniciar ao meu esperado sono, depois de dar uma passada superficial pelo conteúdo do produto, captando alguns excertos...

1975 – Suíça. Há 31 anos atrás, as margens do lago Genebra e com as montanhas cobertas por neve, que Rory Gallagher era registrado em vídeo pela 1ª vez das 5 outras que se seguiriam no Festival de Montreux, criado por Claud Nobs em 1967. Tattoo Lady abre o show mostrando que Gallagher não poupa energia. Ele parece subir ao palco Casino já com o jogo ganho, enquanto a platéia aplaude freneticamente do início ao fim em comemoração pelo show. Mesmo assim, esbanja técnica de slide com sua guitarra - a primeira, comprada aos 15 anos - plugada diretamente num combo Fender. A influência do bluseiro Muddy Waters no guitarrista irlandês – que chegou a acompanhar Waters nos registros de suas London Sessions – aparece nos vocais de Garbage Man, que também dá a deixa para improvisos seus e de Lou Martin ao piano. Sua fala rápida liga as palavras, tanto nas músicas, como quando apresenta uma canção ou sua banda – que além das tecladas Martin, traz Rod De’Ath nas baquetas e o voraz Gerry McAvoy nas quatro cordas. A rebeldia roqueira que arrepia a espinha faz sentido em Cradle Rock, que engata numa conversa de baixo e guitarra que se transforma no clássico bluseiro I’m Tore Down, evidênciando a sintonia entre os membros da banda. Laudromat, hit que abre o primeiro solo de Gallagher, fecha com tamanha energia que, a neve das montanhas de Montreux nunca mais permaneceria da mesma maneira. O quê garante a participação do irlandês nos próximos anos.

1977 – O mesmo palco de dois anos atrás recebe Rory Gallagher que transforma-o num grande playground. Sua guitarra com a pintura descascada é o seu brinquedo preferido. I Take What I Want pega a platéia de assalto em um ritmo feroz. Gallagher toma o palco por completo: corre de ponta a ponta, troteia, dança a la Chuck Berry, incita a platéia se aproximando da beira do palco, solando enfurecidamente. Os movimentos de mão na guitarra parecem saltar aos olhos, principalmente em músicas com pegada forte como Calling Card e Boght and Sold. É perseptivel o rosto suado do guitarrista enquanto entoa os versos de A Million Miles Away. Gallagher aproveita o solo de Secret Agent para mostrar como se solfeja com a guitarra. Do You Read Me é o pico de uma catarse digna de um showman: simples, carismático e persuasivo ao mesmo tempo a ponto deixar a platéia enaltecida gritando: Rory! Rory! Rory!

1979 – O grito primordial introduz o boogie Shin Kicker que dá o índice de que a noite no Casino seria quente. Sem o piano de Lou Martin, passando para o formato trio com Ted McKenna na bateria e mantendo McVoy no baixo, o guitarrista preenche todo o espaço com sua técnica impecável, aliando a uma criatividade infinita e transformando cada solo numa experiência única. A voz de Gallagher remete aos vocais dos bluseiros do Mississippi quando fica sozinho no palco empunhando um dobro para a acústica Too Much Alchool. A levada country de The Last of The Independts mostra um pouco das demais influências que Gallagher ingeriu ao longo de sua formação autodidata. É com a guitarra plugada num Marshall, cheia de fuzz e phaser que ele explora o máximo de feedback durante o show. Em Shadow Play o guitarrista desce até a platéia causando máxima euforia, brinca com a câmera de filmagem e incita os presentes para cantarem virando o seu microfone para eles e cria uma interatividade hipnótica sem exclusões entre público e banda. As artimanhas de entretenimento do músico são exploradas quando este larga a guitarra rosnando efeito sobre o chão do palco, depois puxando-a pelo cabo, abanando-a com uma toalha e, para em seguida, tomá-la de volta aos seus braços e fechar em grande estilo o seu último show no festival nos anos 70.

1985 – Dez anos após a primeira apresentação de Rory Gallagher no festival suíço, o músico volta com a mesma garra e com excesso de experiência para realizar um show mais intimista e com solos mais introspectivos. O guitarrista abusa de efeitos, mas não se rende aos timbres dos instrumentos sintetizados da década perdida, ainda empunhando sua velha stratocaster, sua marca registrada, plugada em Marshalls cada vez mais potentes. Enquanto McAvoy utiliza de um baixo mais limpo. Os tambores e pratos agora servem à batida forte e precisa de Brendan O’Neil. Em Banker’s Blues Gallagher toma os lamentos de Big Bill Broonzy, enquanto é acompanhado por um gaitista. Já Philby, o guitarrista se apropria de uma electric sitar dando um tempero oriental ao seu rock setentista. O guitarrista se despede do festival mostrando suas armas num final esfuziante da pauleira Big Guns.

1994 – “Let’s Gonna Work!” com essa frase que Rory Gallagher dá início a sua última apresentação em Montreux, no grande palco do Stravinski Auditorium. Os músicos que fazem a cozinha neste show – David Levy no baixo e Richard Newman na bateria – já não são tão viscerais quanto os antigos companheiros de palco, que ajudaram a fomentar o som do guitarrista nas décadas passadas. A incapacidade de errar dos músicos deste show é incontestável. Provavelmente é essa extrema precisão e uma aparente passividade na execução das músicas que não se faz equiparar aos delírios musicais promovidos pelos companheiros do guitarrista dos anos anteriores. Mas para anular essa perspectiva a guitarra de Gallagher está lá no topo, impregnada de alma, das dores e dos excessos dos anos de estrada, a ponto de fazer fidelíssimos amantes de Les Pauls desejarem momentos de prazer com uma Fender, ainda mais quando ele pega nos braços uma Telecaster envenenada com um captador Humbucker. No palco, Gallagher toma todas as atenções para seu refinado estilo, baseando-se nos principais clássicos de sua carreira e repleto de blues para deleite da platéia. Em um dos momentos acústicos do show, o músico protagoniza uma jam com o banjo do texano Béla Fleck, e sintonizam a tradicional Amazing Grace, a clássica bluseira Walking Blues para culminar em Blue Moon of Kentucky. Para finalizar Claude Nobs sobe ao palco com sua gaita e, juntamente dos outros músicos que já haviam subido ao palco, para fechar com uma jam insana do clássico I’m Ready de Muddy Waters, o que se tornou o canto do cisne de Rory Gallagher no Montreaux Jazz Festival.

2006 – Brasil, os primeiros raios solares começam a se infiltrar pelos buracos da janela. Extasiado não consigo dormir. As performances de Rory Gallagher no recém lançado DVD duplo, tiraram-me do estupor extremo e me dispondo a ouvir toda a discografia deste mestre da guitarra novamente, logo após os vários bônus que acompanham este impagável registro. Entre a agenda do dia e todo o folk, blues, jazz, country, skiffle e rock especialmente destilado nas cordas da guitarra de Gallagher me posto na vertical ‘pronto para mais uma e espero que este Live at Montreux esteja pronto novamente pra mim’.

5.11.06

O MELHOR GUITARRISTA DESCONHECIDO DO GRANDE PÚBLICO (ou RORY GALLAGHER)


RORY GALLAGHERCalling Card (1976)

Dentre os meus guitarristas preferidos e que alcançaram destaque mundial pelas suas particularidades – Jimi Hendrix pelo controle completo do instrumento; Jimmy Page pela utilização de timbres, camadas sonoras, arranjos e afinações num; Eric Clapton pelo seu poder de ser um bluseiro branco –, é o guitarrista irlandês Rory Gallagher, desconhecido do grande público, que corresponde ao amalgama que geraria se os três primeiros fossem liquefeitos.
A inventividade de Rory Gallagher ultrapassa os limites em Calling Card, lançado em 1976, é o seu oitavo lançamento solo e, o quinto com a formação que incluí Lou Martin ao piano, Rod de’Ath na bateria e Gerry McAvoy no baixo. Este álbum foi o canto do cisne para essa formação que mais se entrosou com Gallagher, potencializando o som do guitarrista.
Algumas mudanças no processo de composição de Calling Card diversificaram o rock bluseiro dos primeiros álbuns. Moonchild poderia figurar perfeitamente no repertório do Deep Purple. Não por acaso, o baixista da banda, Roger Glover, é o responsável pela produção do álbum. Sua participação se deve ao fato de que Gallagher, produtor de seus álbuns anteriores, buscava novos caminhos para expandir suas idéias baseadas na tradição folk-bluseira.
Essa busca fica evidente na faixa título, Calling Card, que abusa de uma levada jazz para deixar a guitarra conversar com o piano. Já Contry Mile carrega uma potencial surpresa. Embora haja no álbum canções com ascendência jazzística, é no ritmo boogie da canção citada que percebo como ela se encaixaria na voz de Billie Holiday, pois consigo recriar na minha mente a voz da diva do jazz em um arranjo da época em que Holiday estava na Verve. O mais engraçado é que a rouquidão de Rory Gallagher que fez essa sensação tomar forma. Além da surrealista impressão, a música se destaca também pelo excelente timbre único no solo do slide de Gallagher.
Apesar dessas inovações, ele também sobe aproveitar de suas influências tradicionais para criar composições como o single Edge In Blue, que chegou ao topo da parada americana com seu início suave, e até um pouco piegas, que se transforma numa bela levada country. Os dedilhados de I’ll Admit You Gone e Barley and Grape Rag retratam a maestria do guitarrista na utilização da técnica sem perder a sensibilidade.
O lado roqueiro do guitarrista não fica para trás neste álbum. Da abertura com Do You Read Me que já provoca arrepios na introdução guitarra e bateria. Enquanto Secret Agent, a faixa mais interessante do disco, revela um intrincado riff que serve como documento de que a guitarra ditou a revolução na música do século passado. Rory cria uma ótima melodia no solo da funkeada Jack-knife Beat, lembrando muito a mão-lenta de Eric Clapton. Calling Card ainda traz em sua versão digital mais duas bônus: os power-rocks Rue the Day e Public Enemy – esta apareceria no álbum Top Priority (1979), mas que fora gravada primeiramente em San Francisco com a formação deste álbum – não ficam aquém da seleção do original. Esse é para deixar no repete e degustá-lo por horas.

21.10.06

PÉROLAS ENTRE PORCOS


WOLFMOTHER – Wolfmother (2005)

Não se pode negar. Por mais que seja evidente que há uma influência do rock clássico feito no fim de 60 e início de 70, a sensação déjà vu do primeiro disco homônimo do power-trio Wolfmother não é algo ruim ou confuso, como é costume acontecer com este tipo de empreitada. O prazer é nítido em ouvir músicas extremamente timbradas e estruturadas aos moldes da vanguarda roqueira daquela época. O Wolfmother conseguiu lançar em 2005 o álbum que a reunião do Black Sabbath original não foi capaz de reproduzir na segunda metade da década de 90. O hit Woman já pode ser eleita a Paranoid dos anos 2000.
E já que negar essas influências é algo impossível, dar nomes aos bois é mais do que óbvio e até necessário. Dimension abre a biscoito do trio australiano com riffs sabbathicos cortantes, mas a levada é puramente Grand Funk Railroad. Power-trios como o próprio GFR, o Cream e o Blue Cheer ficam evidentes em Pyramid e em Tales From The Forest Of Gnomes. A influência do pré-punk do baixo de Chris Ross se mistura com a linha melódica de guitarra e teclado em Apple Tree, além de ter um solo esquizofrênico. Enquanto White Unicorn alterna momentos pacíficos com explosões de lembrar Sabbath Bloody Sabbath, deixando o final apoteótico bem ao estilo do Led Zeppelin. E é a banda inglesa que também é lembrada nos dedilhados e do órgão de Where Eagles Have Been, além de Vagabond que fecha as edições não australianas do álbum. O timbre do vocal gritado do novato Andrew Stockdale assemelham-se ao nem-tão-novato Jack White. Outras bandas mais novas, mas também ligadas ao som setentista, dão as caras numa influência-originalmente-plágiada-dos-originais. As levadas de Kyuss e Soundgarden são recordadas pelo baterista Myles Heskett em Colossal e Mind’s Eye respectivamente.
O Wolfmother soube utilizar sutilmente os clichês progressistas sem soar chato ou enfadonho. E o melhor exemplo disto está em Joker and The Thief se apropria de introdução progressiva com o velho órgão Hammond fazendo cama para um riff de guitarra espacial. Withcraft lembra o Rush - quando ainda não era chato - aliado as flautas piscodélicas do Jethro Tull.
Love Train é possivelmente a melhor faixa do disco por diferenciar-se das demais, com percussão a la Sympathy for the Devil e um groove dançante.
Não há problema algum em ser nitidamente parecido com suas influências, desde que o som seja tão bom quanto o original. E neste caminho o Wolfmother passa com louvor, sem cair no saudosismo macambúzio. Agora é só esperar pelo próximo pacote de biscoitos do trio que já está no forno.

9.10.06

PELAS PAREDES DO QUARTO


















ROLLING STONES - Sticky Fingers (1971)


Tenho a sensação de que os acordes de Sticky Fingers, lançado em 1971, estão presos entre o cimento e os tijolos da parede do meu quarto, e que ao apertar do play eles começam a criar vida ressoando da parede fria para esquentar o meu quarto e as minhas veias.

Este disco marca uma nova fase na carreira dos Rolling Stones, sendo o primeiro álbum lançado pelo selo criado pelos membros da banda. Embora discos como Beggar’s Banquet (68) e Let it Bleed (69) já esboçassem a evolução criativa da banda, o que caracteriza o som dos hoje geriátricos roqueiros está presente por todo disco produzido “com afeto” por Jimmy Miller, como assegura na ficha técnica.


A capa criada por Andy Warhol, que viria originalmente com um zíper, já sugere o petardo sexy que é ouvir Brown Sugar abrindo os mais de 45 minutos deste deleite stoneano. A essência de rock básico nos riffs marcantes de Keith Richards se entrosa perfeitamente a batida certeira e elegante de Charlie Watts que se alia ao amadurecimento vocal de Mick Jagger para provocar libido extremo aos ouvidos.

Embora tenha substituído o guitarrista Brian Jones em 1969, Mick Taylor parece estar mais íntimo do resto da banda neste álbum, soltando inspiradíssimas melodias nos solos de Sway e Moonlight Mile, além do slide na releitura do clássico bluseiro You Gotta Move, características que o fizeram despontar nos Bluesbreakers de John Mayall antes de ser transformado em um stone.
A presença de vários clássicos e participações de conhecidos músicos acrescentam o chantilly na bolacha stoneana. A balada Wild Horses e a elucidativa Sister Morphine, com participação de Ry Cooder na guitarra e Jack Nitzche no piano, além da contemplativa I Got the Blues, com um excelente solo de órgão do recém falecido Billy Preston. Bitch traz um groove viril fortalecido pelos metais de Bob Keyes e Jim Price, enquanto a porção caipira da banda aparece em Dead Flowers.
Além de ser imprescindível na estante de qualquer amante do rock and roll, Sticky Fingers seria o primeiro de uma série de registros que marcariam a melhor fase da ‘maior banda de rock do mundo’, como ficara conhecida a banda a partir do início da década de setenta.

1.10.06

BEM-VINDO A COMPANHIA DE TOM PETTY




















TOM PETTY - HIGHWAY COMPANION (2006)

Tom Petty reaparece neste ano com mais um disco carregado de violões, em canções muitas vezes bucólicas e contemplativas, enquanto outras te fazem bater o pé ao seu ritmo.

Saving Grace abre Highway Companion dando uma amostra de como o blues pode ser modernizado sem perder sua essência. Os violões de Square One e Flirting With Time me passaram uma sensação de dèjá vu, pois parecer terem saído do disco Wildflowers (1994). Tom Petty traz uma característica recorrente nas suas composições : refrões que grudam na cabeça e fazem até os mais timidos balbuciarem suas palavras. Esses refrões aparecem em Big Weekend, Night Driver, na já citada Flirting With Time e com o passar de várias audições você está cantando outros refrões sem perceber.
Down South é uma viagem de ônibus rumo as plantações de algodão do delta do Mississippi, os raios solares se degladiando com nuvens carregadas no céu, mas que parecem esperar o momento certo pra desaguar.

Roy Orbison, ex-parceiro de Traveling Wilburys, deve ter inspirado Petty em fazer Damage by Love. Enquanto Jack carrega uma levada climatizante, além de uma guitarra a la J.J. Cale. Outro companheiro de Wilburys, Jeff Lynne, aparece na produção do disco – que é co-creditada a Tom Petty e o inseparável Heartbreaker Mike Campbell – o que serve para abrilhantar o disco que leva apenas a assinatura de Petty. Mas a porção do tempero Heartbreakers começa ganhar maior destaque a partir de Turn This Car Around. O piano em This Old Town deixa sua marca, sendo uma das melhores faixas do álbum. O timbre da guitarra solo de Ankle Deep é surreal. Para fechar o disco, Petty registra The Golden Rose, que poderia muito bem ser uma faixa de The Last DJ, de 2001, e um dos melhores álbuns de Tom Petty and the Heartbreakers.
Highway Companion talvez por ser mais introspectivo não será um dos mais marcantes da carreira de Tom Petty, terá seus hits que serão figurantes em uma próxima coletânea, mas é muito mais radiofônico do que o é que considerado música boa para as rádios.
Adquira sem pestanejar.

24.9.06

ENTRE O FOLK E O ROCK



Neil Young - Everybody Knows This Is Nowhere (1969)

Após lançar-se em carreira solo com seu primeiro álbum, o canadense Neil Young recrutou os músicos de uma banda chamada The Rockets para ensaiar e gravar em apenas duas semanas Evebody Knows This Is Nowhere, lançado em 1969, e garantir que esse registro entrasse para o grande mundo dos clássicos do rock. A química que rolou entre o guitarrista e os companheiros Billy Talbot (baixista), Ralph Molina (baterista) e Danny Whitten (guitarrista) foi de uma dose tão cavalar que, o nome da banda não poderia ser mais adequado: Crazy Horse.
Cinnamon Girl abre o disco dando amostras que a batida precisa do grupo seria a companheira perfeita para os delírios guitarrísticos de Young – sua marca registrada – e que reapareceriam ao longo do disco em Down by the River e Cowgirl in the Sand, que fecha o álbum num momento singular para todo o folk-rock da época. A voz cheia de angústia é paralelamente reconfortada pelo violino de Bobby Notkoff em Running Dry (Requiem For The Rockets), um contraponto com o resto do álbum que foi gravado praticamente ao vivo no estúdio. A música que dá título ao álbum e The Losing End (When You’re On), mostram que Young transpôs o som de sua antiga banda, a Buffalo Springfield, para sua nova empreitada. Round & Round (It Won’t Be Long) traz a participação da cantora Robin Lane, num dueto vocal com Neil, que parece desfocar a linha condutoria do disco, mas ele mostra seu estilo inconfundível no violão folk e inspiração suficiente para não deixar a bola cair.
Produzido por David Briggs, o álbum permaneceu por quase cem semanas nas paradas americanas e é uma amostra do poder que o folk-rock exerceu na década de sessenta.