9.10.06

PELAS PAREDES DO QUARTO


















ROLLING STONES - Sticky Fingers (1971)


Tenho a sensação de que os acordes de Sticky Fingers, lançado em 1971, estão presos entre o cimento e os tijolos da parede do meu quarto, e que ao apertar do play eles começam a criar vida ressoando da parede fria para esquentar o meu quarto e as minhas veias.

Este disco marca uma nova fase na carreira dos Rolling Stones, sendo o primeiro álbum lançado pelo selo criado pelos membros da banda. Embora discos como Beggar’s Banquet (68) e Let it Bleed (69) já esboçassem a evolução criativa da banda, o que caracteriza o som dos hoje geriátricos roqueiros está presente por todo disco produzido “com afeto” por Jimmy Miller, como assegura na ficha técnica.


A capa criada por Andy Warhol, que viria originalmente com um zíper, já sugere o petardo sexy que é ouvir Brown Sugar abrindo os mais de 45 minutos deste deleite stoneano. A essência de rock básico nos riffs marcantes de Keith Richards se entrosa perfeitamente a batida certeira e elegante de Charlie Watts que se alia ao amadurecimento vocal de Mick Jagger para provocar libido extremo aos ouvidos.

Embora tenha substituído o guitarrista Brian Jones em 1969, Mick Taylor parece estar mais íntimo do resto da banda neste álbum, soltando inspiradíssimas melodias nos solos de Sway e Moonlight Mile, além do slide na releitura do clássico bluseiro You Gotta Move, características que o fizeram despontar nos Bluesbreakers de John Mayall antes de ser transformado em um stone.
A presença de vários clássicos e participações de conhecidos músicos acrescentam o chantilly na bolacha stoneana. A balada Wild Horses e a elucidativa Sister Morphine, com participação de Ry Cooder na guitarra e Jack Nitzche no piano, além da contemplativa I Got the Blues, com um excelente solo de órgão do recém falecido Billy Preston. Bitch traz um groove viril fortalecido pelos metais de Bob Keyes e Jim Price, enquanto a porção caipira da banda aparece em Dead Flowers.
Além de ser imprescindível na estante de qualquer amante do rock and roll, Sticky Fingers seria o primeiro de uma série de registros que marcariam a melhor fase da ‘maior banda de rock do mundo’, como ficara conhecida a banda a partir do início da década de setenta.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu cheguei a conclusão de que este album é muito mais interessante que o Exile.
Abraço!

Ana Alice disse...

Se você espreme um álbum e escorre vida, vale a pena guardá-lo em casa. Se ele escorre pelas paredes do seu quarto, guarde-o com a sua vida!

Daniel Sinhorilio disse...

Giul
Dvulga seu blog em alguma comunidade do assunto. Dá pra fazer contatos com pessoas envolvidas na área musical e de crítica musical, ou até mesmo jornalistas que trabalham na área.
Bjos