23.9.07

A VIDA É COMPLICADA



ALLMAN BROTHERS BAND – American University 12/13/70 (2002)

É complicado. Complicado porque a cada audição de American University 12/13/70, eu me pergunto por que uma banda que lançou um dos discos ao vivo mais legais da história – a saber, At Fillmore East – se prontificaria a cometer a heresia de lançar, trinta e dois anos depois, um ao vivo da mesma época? Poderia afirmar logo de cara que é mais um caça-níquel pronto para arrebatar o bolso dos corações mais fanáticos? Não quando um disco poderia vir da Allman Brothers Band com Duanne Allman, um dos guitarristas mais bacanas do Southern Rock, já justificando a aquisição imediata. Principalmente porque Duanne morreu em um acidente de moto, em outubro de 1971.

Mas é complicado. As músicas do Fillmore foram distribuídas em vários lançamentos durante toda a carreira da banda. A versão original ganhou automaticamente o emblemático rótulo de um dos melhores ao vivo de todos os tempos, contendo apenas seis faixas. Em fevereiro de 1972, sairia o misto de estúdio e ao vivo, Eat A Peach, com mais duas faixas dos shows no Fillmore. Em Duanne Allman Anthology, volumes I (1972) e II (1974), Don’t Keep Me Wonderin’ e Midnight Rider apareceriam retiradas do palco mais famoso dos anos 60, mas até então eram inéditas, bem como Drunken Hearted Boy, que apareceria em 1989, na suntuosa caixa Dreams. Quando lançaram Fillmore Concerts, contendo quase que a totalidade das faixas espalhadas pelos lançamentos anteriores, o cheiro do bolso sendo lesado foi inevitável. Mas, para os mais entusiastas, em 2003 chega às lojas At Fillmore East (Deluxe Edition), contendo todas as faixas já apreciadas nos lançamentos anteriores. Então, você se perguntaria qual a finalidade de mais um lançamento? E ela se explicaria numa embalagem para deixar babar qualquer colecionador de CD’s. E depois de tudo isso, você se perguntaria, pra que um disco ao vivo lançado tantos anos depois.

Duanne também é o guitarrista das gravações de At Fillmore East, que, juntamente com Dickey Betts, formavam um enlace perfeito para bases e solos impecáveis. Durante o passar dos anos, a Allman Brothers continuou na ativa, mesmo depois da morte de Duanne, tendo vários guitarristas no seu front, mas nunca com um line-up tão magnânimo quanto aquela época. Isso explicaria bem o lançamento.

Mas ainda é complicado. Com um encarte simples, nenhuma das músicas apresentadas no show da American University são inéditas. A qualidade da gravação é inferior – o trabalho de remixagem e remasterização da Deluxe Edition é exemplar – e nenhuma delas se sobrepõe as versões retiradas dos shows do Fillmore, não acrescentando em nada as inspiradas versões apresentadas no show do Fillmore. A culpa pode até não ser da banda, que autorizou o lançamento, pensando nos fãs mais ardorosos. Ainda mais hoje em dia, em que todo mundo está cansado de saber que banda ganha dinheiro com show e não com vendagem de disco, ainda mais ao vivo. E, um registro, oficial ou não, de um show interessaria, teoricamente, para os que estavam na platéia e queiram guardar como lembrança.

É Complicado. Complicado com “C” maiúsculo porque este álbum chegou as minhas mãos através do meu melhor amigo, que me emprestou o artefato com todo o entusiasmo. COMPLICADO.

5 comentários:

GABRIEL RUIZ disse...

Can be.
Mas eu ainda prefiro algo mais enérgico, vibrante. Complicado.

Ana Alice disse...

Como vc me disse sobre o indie rock, retribuo agora: parabéns pela paciência. Abs!
PS - depois de 3.507.304 tentativas frustradas, achei um ponto final intruso no link do meu blog pro seu. Pobrema arresorvido.

Anônimo disse...

ARCADE FIRE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Lauro Teixeira disse...

Meu, belo trampo. parabéns
flw
Lauro

Anônimo disse...

ler todo o blog, muito bom