23.10.07

ESMALTE PARA MÃOS CALEJADAS E SABÃO EM PEDRA PARA AS SUAVES


Marisa Monte – Verde, Anil, Amarelo, Cor de Rosa e Carvão (1994)

Marisa Monte alçou sua carreira com passos extremamente calculados, embora depois do registro de 1994, Verde, Anil, Amarelo, Cor de Rosa e Carvão, a legitimação da nobreza artística da cantora tenha subido seu ego, transformando-a numa caricatura dúbia, a de ame ou deixe, tamanho é o culto dos fãs em cima da cantora, e a da 'torcida de nariz' por parte dos detratores de plantão para coisas como a canção Amor, I Love You ou o projeto Tribalistas, creditando a ela, um estigma de exploradora dos pobres sambistas que tem originalidade.

Mas discussões a parte, o fato é que o trabalho de ‘Verde, Anil...’ é um apanhado do que a cantora mais soube fazer: reunir em um trabalho todas as amizades e referências possíveis para um registro que marque carreira. Aliando-se a produção de Arto Lindsay, Marisa se especializou em agregar referências antagônicas, trazendo sonoridades modernas para velhos marcos do cancioneiro popular brasileiro, e imbuindo de originalidade brasileira a produção musical moderna, como no caso da versão de Pale Blue Eyes, do carrancudo Lou Reed. É como um esmalte para as mãos calejadas dos sambistas, e sabão em pedra para artistas da música moderna.

Seja nas composições com parceiros recorrentes – como Nando Reis, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes – ou através da reinterpretação de obras marcantes, ou as desconhecidas para o grande público – como Dança da Solidão (de Paulinho da Viola), A Menina Dança (de Jorge Ben), ou mesmo, Esta Melodia (de Jamelão e Bubu da Portela) – a concepção do álbum resultou em um marco para a carreira da cantora, tanto aqui, como no exterior. Mas, um dos melhores méritos que Marisa Monte poderia receber, está no fato que, a partir deste álbum, houve uma revitalização do interesse do público jovem pelas raízes da música brasileira. Afinal, diva mesmo, nós temos só duas: Elis Regina e Elza Soares.

5 comentários:

El Rena disse...

Gracias por el comentario!!!

Es poca la gente que se toma el trabajo de agradecer como vos.
Voy a descargar algo de tu musica!!!
Gracias una vez mas y seguinos visitando que dentro de poco subirémos mas discos.

Chau!!!

Alberto disse...

O que eu já ouvi da Marisa eu gostei, mas não tenho tanta vontade de conhecer. Gosto mesmo é de Arnaldo Antunes.

Abraço

Giul Martins disse...

eu mesmo (gosto mais) = gostava mais do arnaldo antunes, mas ainda no titãs e antes de tribalistas, depois ficou tudo muito desconstrutivista pra mim...

Anônimo disse...

Comento Marisa no momento em que escuto Céu. E em periodo de minha vida que estou tendendo a buscar "raízes" de música brasileira. Um país sem identidade certa, com uma juventude em sua maioria sem rumo e projeto de vida, fica dificil se interessar por coisas como este album de Marisa que ao meu ver é o melhor de sua carreira. Universo Particular parece muito bom, mas não tanto qto este.
Deixemos de lado as análises críticas demais, vejamos os pontos bons da música brasileira.
Foi assim que descobri em Cê de Caetano Veloso, de quem nunca fui muito fã, um puta album.
Abraço.

Anônimo disse...

Dica: Resenhe Ventura dos Los Hermanos.
Abraço.